Programas de melhoramento genético por inseminação artificial dos rebanhos promovidos pelo Governo de Sergipe contribuem para o resultado.
O Estado de Sergipe desponta na sexta posição nacional em produção anual de leite por vaca, segundo indica a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme a base de dados do ano de 2019. De acordo com o estudo, Sergipe aparece atrás apenas de Estados grandes produtores de leite, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Alagoas. Na avaliação da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), o resultado tem grande contribuição de uma sucessão de políticas públicas implementadas ao longo dos anos, para fomentar o desenvolvimento da bacia leiteira sergipana.
Para o presidente da Emdagro, Jefferson Feitoza, grande parte dessa evolução se deve ao processo de inseminação artificial, que vem atuando no melhoramento genético dos rebanhos, levando ao aumento da produtividade. “Diante dos dados do IBGE, não podemos deixar de olhar para trás e constatar os esforços empreendidos para se chegar a esse ponto. No Brasil, o primeiro produto de inseminação artificial, com sêmen congelado, nasceu em 1954. Em Sergipe, a adoção da técnica se deu por volta de 1966, com incentivo do Governo do Estado, através da extinta COMASE- Companhia Agrícola de Sergipe. Foi quando nasceu, em Itaporanga D´Ajuda, o primeiro produto oriundo desta técnica – uma fêmea”, conta.
Ainda segundo ele, em 1984 foi implantado, na Base Física de Riachão do Dantas, um Centro de Capacitação em Inseminação Artificial, que em 1991, passou a ser de responsabilidade da Emdagro, vindo a realizar anualmente até dez cursos. “Estima-se que 2 mil pessoas, entre produtores, trabalhadores de propriedades rurais, técnicos e alunos de medicina veterinária foram capacitados nesta técnica, desde o início dos cursos, influenciando muito na produtividade alcançada. Importante salientar que muitos dos trabalhadores se tornaram prestadores de serviço em inseminação para o pequeno produtor, ampliando o uso da tecnologia e, consequentemente, melhorando a sua renda”, explica Jefferson.
Na avaliação da coordenadora de Pecuária da Emdagro, Izildinha Dantas, outras tecnologias também contribuíram para o aumento de produtividade, e chegaram ao produtor através da Assistência Técnica Governamental da Emdagro, destacando-se o manejo reprodutivo, manejo alimentar e manejo sanitário. “Os médicos veterinários da Emdagro percorriam as propriedades para fazer diagnóstico ginecológico e inseminação, enquanto agrônomos e técnicos agrícolas atuavam na difusão do plantio da palma e conservação de forragem (silagem e feno), bem como a introdução de leguminosas arbóreas – tecnologias imprescindíveis para a melhoria da produtividade”, destaca.
IATF
De 2018 para cá, o Governo do Estado incluiu uma nova tecnologia entre essas políticas públicas: a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Segundo o secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, o Programa atua justamente no melhoramento genético do rebanho, através da inseminação de matrizes leiteiras em quatro etapas: diagnóstico de gestação, vacinação específica, aplicação de kit vitamínico e a inseminação propriamente dita. “A ideia é reunir os animais em núcleos de inseminação nas comunidades, para facilitar o trabalho. Este projeto dispõe, para o pequeno produtor, uma tecnologia que promove o aumento da produtividade do rebanho leiteiro e, consequente, aumento de renda para aqueles que não têm condições financeiras de usar esta ferramenta reprodutiva mais avançada”, pontua o gestor.
Nos três primeiros anos de execução do Projeto, foram investidos mais de R$ 300 mil na inseminação de cerca de 2 mil animais. Em 2018 e 2019, a Seagri contou com recursos do Banco do Estado de Sergipe (Banese) e execução técnica da Emdagro; em 2020, com recursos de emenda parlamentar do deputado João Daniel, a execução técnica foi da própria secretaria. Em 2021, o programa está beneficiando pequenos criadores de 17 municípios, a partir de R$ 200 mil investidos pela Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social (Seias), via Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Funcep), e execução técnica da Emdagro; e mais R$ 150 mil com recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra e execução técnica da Seagri na inseminação artificial e transferência de embrião. No total, serão alcançadas mais de 1.000 matrizes leiteiras com a ação, ao final da presente edição.
O produtor José Roberto, da comunidade Tabuleiro, em Nossa Senhora de Lourdes, fala da importância do programa para os pequenos pecuaristas da região. “A gente, que é do Sertão, se não trabalhar em cima de um gado de melhor qualidade, a gente não vai ter condição futuramente de estar nesse mercado. A gente vai ter que desistir do ramo. Então, esse programa do governo é muito bom e a Emdagro vem dando uma assistência de grande importância pra gente, através da inseminação. Uma assistência de muitos anos. É o melhor para o sertão”, afirma. Também para o criador Samuel, o IATF representa uma oportunidade. “O melhoramento genético do gado leiteiro é algo que, pra gente que é pequeno, fica muito difícil de ter acesso sem esse programa. Através dele estamos recebendo essa oportunidade, e ficamos muito felizes. Quero que todos os pequenos alcancem esse mesmo benefício também”.
Outros programas também fortalecem a cadeia produtiva do leite, impactando no aumento da produção e produtividade, como o investimento de R$ 1,4 milhão, entre 2019 e 2021, na distribuição de 5.400 raquetes de palma forrageira para 2 mil produtores; e o Programa de Distribuição de Sementes de Milho, que entra na produção de silagem, especialmente para os pequenos produtores de leite. “Outra ação de Governo importante para a cadeia produtiva do leite, já em operação desde 2019, é o crédito presumido do ICMS para os laticínios. Esse crédito é aplicado em investimentos que beneficiam o produtor. Grande parte dos laticínios estão investindo em aquisição de tanques de resfriamento do leite para que ele chegue a um temperatura que atenda às normas sanitárias, por exemplo”, finaliza o secretário André Bomfim.